"20 Canções para Zeca Afonso" no CCB

Soava o sinal antecipando a proximidade do concerto; na sala maior do Centro Cultural de Belém, cerca de um milhar de pessoas aguardava com expectativa "20 Canções para Zeca Afonso". A plateia estava lotada, imperava um silêncio respeitoso.

Lentamente, ao mote de "À proa", os onze músicos foram subindo, tomando os seus lugares, entoando e tocando as primeiras notas das muitas que se fariam ouvir nos cerca de 90 minutos de espectáculo que se seguiram. A pouco e pouco foram desfilando "Canção de Embalar", "O Homem voltou", "Tenho barcos, tenho remos"...

As primeiras notas de "Maio, Maduro Maio" arrancaram aplausos entusiasmados, que se multiplicaram após os pizzicati que concluem o arranjo, tudo passava depressa demais, parecia que as músicas eram apenas um instante, efémero, demasiado breve. A cada canção, o concerto ia ganhando corpo: a música escrita, a improvisada, a imperceptível entrada em falso, o solo único, irrepetível; as novas secções, as reharmonizações, os textos re-estruturados, os refrões evitados, as melodias contrapontuadas ou paralelas, cadências perfeitas e modulações; o jogo de luzes, o apontamento subtil do piano, a resposta da bateria, as dinâmicas, a vibração da consonância...

Acabámos com "Venham mais cinco", com um cheiro a bossa nova a que não resisti: o final era de festa, de alegria, o clima idílico de celebração. Depois, o CCB aplaudiu de pé: entrámos de novo, e trouxémos "No Comboio Descendente" - além de José Afonso, também Fernando Pessoa: que melhor maneira de anunciar Portugal, de gritar Abril! Depois, CCB de novo de pé, repetimos "Maio, Maduro Maio", agradecemos, aplaudimos, desfrutámos aqueles momentos derradeiros. E fomos saindo.

Depois, fez-se o silêncio... então, lentamente, com a serenidade bela dos espíritos puros, a plateia do CCB começou a entoar "Grândola, Vila Morena", primeiro a uma, depois a duas, depois a mil vozes. E nós, impávidos, incrédulos, fomos reentrando: o palco, antes sob os nossos pés, estava agora defronte de nós: era um coro de mil pessoas, num momento demasiado mágico para repetir em palavras. Peguei na guitarra, e devolvemos a canção à sua forma sublime, nobremente despida.

Naquele momento, a plateia do CCB era a mais fraterna das cidades, e nós estávamos lá.

Sobre "Trova do Vento que Passa"

Na pré-formatada divulgação do concerto "20 Canções para Zeca Afonso" que circula nos principais meios de comunicação social, reza a páginas tantas que

"O repertório do concerto inclui canções originalmente editadas entre 1962 e 1987, representando estética e cronologicamente uma parte significativa da obra de Zeca Afonso, criador de temas como "Os Vampiros" e "Trova do Vento que Passa"."

Ora, como é generalizadamente sabido, "Trova do Vento que Passa" é uma canção de António Portugal, sobre o poema homónimo de Manuel Alegre, dada a conhecer pela voz de Adriano Correia de Oliveira. Não é, portanto, da autoria de José Afonso.

Sendo totalmente alheios a esta informação incorrecta, deixamos a nossas desculpas aos visados.

Lisbon Jazz Summer School




LISBON JAZZ SUMMER SCHOOL
CENTRO CULTURAL DE BELÉM
18 A 26 DE JULHO DE 2008
Pré-inscrições até 30 de Abril

Pela primeira vez, o Centro Cultural de Belém vai ter uma escola de Verão de jazz. É a Lisbon Jazz Summer School (LJSS), que irá decorrer entre 18 e 26 de Julho em vários espaços do CCB.

Os principais objectivos da LJSS são: oferecer uma formação de qualidade aos estudantes e músicos de jazz em Portugal; proporcionar aos participantes do Curso de Verão um contacto intensivo com músicos internacionais de primeira linha; dar a oportunidade aos participantes do Férias com Jazz de se iniciarem nesta linguagem musical; e contribuir para a dinamização do jazz nacional e para o seu reconhecimento internacional. ++

Já por aí



Já começou oficialmente a campanha de divulgação de "20 Canções para Zeca Afonso" no Centro Cultural de Belém; este é o cartaz do evento. Os bilhetes (€18) estão disponíveis no locais habituais. ++

Ópera em Criação

Tenho o prazer de anunciar que o vencedor do Concurso "Ópera em Criação" foi o colega Hugo Ribeiro, com a ópera "As duas mulheres de Freud".

Um abraço e parabéns a todos os participantes e à organização.